Segundo Leonardo Siade Manzan, a tão discutida reforma tributária no Brasil, que vem ganhando força especialmente com a promulgação da Emenda Constitucional 132/2023, está reformulando profundamente o sistema de arrecadação nacional. O novo modelo propõe a unificação de tributos sobre o consumo — como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS — para dar lugar ao IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e à CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
Essa reestruturação visa simplificar um sistema até então considerado um dos mais complexos do mundo, trazendo maior transparência, previsibilidade e eficiência na arrecadação. Para o tributarista, esse novo panorama exige uma profunda adaptação: o conhecimento técnico sobre a legislação anterior ainda é necessário para lidar com o período de transição, mas, ao mesmo tempo, o domínio da nova estrutura se torna urgente e essencial.
Quais habilidades se tornam mais valorizadas para os tributaristas com a reforma?
Diante desse novo contexto, o tributarista precisa expandir seu leque de habilidades, destaca Leonardo Siade Manzan. A capacidade de interpretar normas em constante mudança continua sendo fundamental, mas agora somam-se competências analíticas mais avançadas, especialmente voltadas para a mensuração de impactos dos novos tributos sobre diferentes setores econômicos.
Além disso, habilidades em tecnologia — como domínio de softwares de compliance tributário e análise de dados fiscais — passam a ser diferenciais importantes. O entendimento de regimes de transição, como os créditos acumulados e as mudanças na base de cálculo, também se torna uma área crítica de especialização, o que exige um perfil mais versátil, consultivo e estrategista do profissional.
Quais oportunidades surgem para os tributaristas nesse novo ambiente?
Embora a reforma traga desafios, ela também abre um leque interessante de oportunidades. Empresas precisarão mais do que nunca de assessoria especializada para entender como suas operações serão impactadas, tanto em termos de carga tributária quanto de conformidade com as novas obrigações acessórias. Surge, assim, uma demanda crescente por consultorias tributárias, planejamento fiscal estratégico e treinamento corporativo sobre o novo modelo.

Escritórios de advocacia, departamentos jurídicos internos e firmas de contabilidade devem buscar tributaristas capazes de traduzir o novo sistema em linguagem acessível e operacional. Ademais, Leonardo Siade Manzan explica que profissionais que atuarem na interface entre tecnologia e legislação tributária tendem a ganhar destaque, especialmente aqueles que ajudarem a desenvolver ou adaptar ERPs e sistemas de emissão de notas fiscais ao novo modelo.
Quais os principais desafios enfrentados pelos tributaristas na adaptação?
De acordo com Leonardo Siade Manzan, um dos grandes desafios para os tributaristas será lidar com a insegurança jurídica gerada pela mudança. A ausência de regulamentações detalhadas, as divergências entre entes federativos e a resistência de certos setores à nova carga tributária podem gerar conflitos judiciais e administrativos. Além disso, a formação técnica dos profissionais precisará ser atualizada constantemente — o que implica custos com cursos, certificações e participação em eventos especializados.
Contudo, Leonardo Siade Manzan enfatiza que o perfil do tributarista que se destaca muda: não é mais o profissional que domina apenas a jurisprudência e os procedimentos fiscais antigos, mas sim aquele que entende de estratégia empresarial, pensa de forma sistêmica e atua de maneira consultiva. A relevância permanece, mas com novos contornos, exigindo adaptação, capacitação constante e uma atuação mais proativa no ambiente corporativo.
Autor: Aleksey Frolov