Conforme evidencia o advogado Carlos Alberto Arges Júnior, em momentos de instabilidade econômica, empresas de todos os portes enfrentam pressões simultâneas: queda de receitas, aumento de inadimplência, renegociação de contratos, e dificuldade de acesso a crédito. Esse ambiente volátil frequentemente gera rupturas em relações comerciais que, em tempos normais, seriam gerenciadas por meio de negociação e confiança mútua.
A crise acirra interesses conflitantes — fornecedores exigem pagamento, clientes pedem prazos maiores, e parceiros buscam minimizar riscos —, criando um terreno fértil para a judicialização de disputas. A via judicial, apesar de lenta e onerosa, é vista muitas vezes como o único caminho para tentar preservar direitos ou evitar prejuízos irreparáveis.
Quais tipos de litígios empresariais crescem durante uma crise?
Durante períodos de recessão ou desaceleração econômica, o perfil dos litígios empresariais muda sensivelmente, explica o advogado Carlos Alberto Arges Júnior. As ações mais recorrentes envolvem revisões ou rescisões contratuais, execuções de dívidas, pedidos de recuperação judicial, disputas societárias e litígios trabalhistas decorrentes de demissões em massa.

Com o aumento da inadimplência, empresas recorrem ao Judiciário para cobrar créditos e garantir a continuidade do negócio. Da mesma forma, cláusulas contratuais que antes pareciam claras passam a ser objeto de contestação, especialmente quando as partes alegam força maior, onerosidade excessiva ou impossibilidade de cumprimento devido à crise.
A judicialização é sempre a melhor alternativa para empresas em dificuldades?
Embora seja uma ferramenta legítima, recorrer ao Judiciário nem sempre é a estratégia mais eficiente para resolver impasses empresariais. Para o advogado Carlos Alberto Arges Júnior, a morosidade dos tribunais, os custos processuais e os riscos de decisões desfavoráveis tornam a judicialização uma aposta de alto risco, sobretudo em tempos de crise.
Além disso, litígios judiciais muitas vezes deterioram relacionamentos comerciais que poderiam ser preservados por meio de soluções consensuais. Métodos alternativos de resolução de conflitos — como a mediação e a arbitragem — vêm ganhando espaço justamente por oferecerem maior confidencialidade e autonomia. O papel do departamento jurídico, nesse contexto, é avaliar com cuidado os impactos da judicialização não apenas sob o ponto de vista jurídico, mas também financeiro, estratégico e reputacional.
Como os tribunais têm reagido às demandas empresariais em contextos de crise?
O Judiciário brasileiro tem se mostrado sensível às especificidades de períodos de crise econômica, adotando posturas mais flexíveis e pragmáticas em diversas decisões. Casos emblemáticos de revisão de contratos de aluguel comercial, suspensão de cláusulas de multa por inadimplemento e concessão de tutelas para evitar a falência de empresas mostram que os tribunais compreendem o impacto sistêmico das decisões judiciais.
Contudo, essa abertura exige das partes argumentos sólidos, documentação robusta e uma narrativa jurídica que demonstre boa-fé, tentativa de negociação prévia e impactos reais da crise. A jurisprudência tem evoluído no sentido de equilibrar os direitos das partes, sem comprometer a segurança jurídica, mas exige dos advogados maior preparo técnico e estratégico.
Por fim, segundo o advogado Carlos Alberto Arges Júnior, o departamento jurídico de uma empresa em crise precisa lidar com uma sobrecarga de demandas e decisões críticas. A atuação do jurídico corporativo vai muito além da simples defesa em juízo: é necessário estabelecer prioridades, avaliar riscos com precisão, negociar com credores e manter a operação em funcionamento. A transparência interna e o alinhamento estratégico, são fatores determinantes para o sucesso ou fracasso em tempos de judicialização intensa.
Instagram: @argesearges
LinkedIn: Carlos Alberto Arges Junior
Site: argesadvogados.com.br
Autor: Aleksey Frolov